Quando estagiei no Universo/ Brasília como supervisor em 2004 tive contato direto com o famoso Zé Boquinha, um técnico muito exigente. Levava-o para o aeroporto quando lhe perguntei "Prof, veja as jogadas que planejei para a equipe da UnB..." e lhe entreguei a cartilha de jogadas que tinha preparado. Depois de passar os olhos ele me respondeu - "Meu filho, para você ser treinador levará pelo menos mais uns 20 anos de muito estudo, trabalho e prática." Minha primeira impressão foi de desprezo com minha dedicação ao basquete, contudo ao longo do tempo percebi que estava completamente certo. Preparar-se era um caminho ao qual estava disposto a enfrentar.
Depois de quase 10 anos, reforço minha ideia de que o treinamento é realmente importante. Recebo jogadores vindo do Ensino Médio, sub 18, que não são acostumados ao volume de treinamento diário, muito menos a intensidade alta, logo na época certa. Alguma coisa esta errado. O que acontece? Acabam saindo do Programa, as vezes nem sabendo qual o verdadeiro motivo, apenas desistem em prol de suas desculpas ou de uma preparação prévia no seu desenvolvimento. Sem ao menos tentar fazer a proposta. Pena! Aos que ficam se desenvolvem, vêem os resultados aflorando. Resultados individuais e como equipe, no placar ou não. Vão para equipes semi profissionais, universidades norte americanas ou terminam seu desenvolvimento de atleta no esporte universitário adquirido valores para a vida.
Hoje, assistindo as finais olímpicas entre os Estados Unidos (17 participações olímpicas -14 de ouro, 1 de prata e 2 de bronze) e a Espanha pela segunda vez consecutiva decidindo a final percebi que além da infra-estrutura, a mentalidade brasileira esta muito aquém dos medalhistas olímpicos. Os norte americanos, vistos como tecnicistas, capitalistas até mesmo em seu sistema esportivo (envolvendo lucros de Universidades particulares e equipes profissionais), prezam pela boa preparação física, técnica e psicológica, sem mencionar os estudos táticos. Treino físico as 6h da manhã e treino com bola de no mínimo 2h a tarde. Isso na Universidade! Fora as 4 milhas semanais (no período de preparação geral). Muitas vezes são exagerados, mas fazer o que? Estão campeões a muito tempo. Alguns falam - Ah! Mas lá o basquete é como o futebol aqui, todos praticam desde crianças. - Então porque o futebol brasileiro não é campeão em todas as competições que participam?
A Teoria do Triunfo preconiza que o serviço e o sacrifício são as chaves do sucesso. E são mesmo. Vimos Leandrinho dizer que batia bola até de madrugada antes de entrar na NBA. Se fosse ao contrário será que estaria lá?
O Centro de Treinamento de Basquete do Brasil em São Sebastião do Paraíso tem uma estrutura incrível e uma boa proposta. Todavia porque nossas unidades de formação (clubes, universidades, escolas e projetos) não adotam um modelo de desenvolvimento pautado cientificamente?
Bravo Carlos Gomes!
ResponderExcluirVenho acompanhando seus estudos e sua dedicação em prol do esporte, focado em basquete, admiro vosso trabalho. Seu esforço assíduo, motiva-me. Intento ainda mais energia e coragem para que siga, como vem seguindo, e carregando a todo custo, suor e lágrima, o amor pelo esporte e pelo trabalho, educando com sabedoria cada esportista, que somos todos.
Rafael Jàfar.
Caros colegas,
ResponderExcluircontinuando a pesquisar, vi no blog do Prof. Dante Rose - http://vivaobasquetebol.wordpress.com/2012/08/15/atualizando-dados-do-basquetebol-olimpico-masculino/
informações mais precisas sobre a participação dos Estados Unidos e atualizei a postagem.
Obrigado.